Quem é quem e o que mudou na estrutura dos programas
Em 2020, o cenário já tinha os três grandes (LATAM Pass, Smiles e TudoAzul) e os bancos com seus “hubs” (Livelo, Esfera etc.). A grande virada institucional foi a incorporação da Smiles pela GOL em 2021, encerrando a vida da Smiles como empresa listada à parte, o programa passou a operar “dentro de casa” da GOL.
No capítulo financeiro, a GOL entrou em Chapter 11 em 2024 e concluiu a reestruturação em junho de 2025; os comunicados recentes ressaltam a Smiles como “unidade líder” com 24 milhões de clientes e receita recorde em 2024, sinalizando continuidade operacional do programa após a saída do processo.
Na LATAM, a mudança mais relevante de 2020 para cá foi o reposicionamento de parcerias (LATAM saiu da oneworld em 2020 e hoje sua âncora é a Delta, acúmulo e resgate em voos combinados). Para o usuário, isso se traduz em oportunidades de emissão com a Delta dentro do LATAM Pass.
A Azul/TudoAzul atualizou regras e benefícios de níveis em 2024/2025 (p. ex., alterações no atingimento do Diamante e um “Resgate Especial” com códigos anuais para categorias altas), sinal de um programa mais segmentado por status.
2) Como são precificados os resgates hoje (vs. 2020)
Em 2020, a dinâmica já crescia, mas havia mais “ilhas” de previsibilidade. Em 2025, a precificação dinâmica se consolidou nos três programas para voos das próprias cias., e a “tabela fixa” sobrevive, na prática, apenas no LATAM Pass para parceiras e mesmo assim, a emissão típica é via central/call center (site tende a mostrar tarifa “comercial”, não award). Isso muda a estratégia: hoje, bons resgates LATAM Pass com parceiras seguem tabelados por região (economy/business/first), mas é preciso garimpar disponibilidade. São os programas de milhagem garimpada.
3) Bônus de transferência: de explosões de 100%+ para cafés mais “comedidos”
Em 2020, transferências Livelo→Smiles com até 100% de bônus eram comuns (Black Friday, campanhas bumerangue etc.), e até TAP Miles&Go chegou a 120–125% em 2022–2023. Em 2025, o “novo normal” de bônus para programas nacionais gira em 30–35% (às vezes 70-100% em janelas bem específicas ou com artes condicionais), bem menos generoso de forma ampla e recorrente. Resultado: ficou mais difícil “dobrar” saldo com promoções.
4) “Quanto vale um milheiro?” (sensação térmica do mercado)
Publicações de referência no varejo de milhas em 2025 trabalham com valores de referência próximos a R$0,07 por milha (LATAM/TudoAzul) e ~R$0,08 (Smiles), números de “tabela” que ajudam a julgar se um resgate faz sentido (comparando com o preço em dinheiro). Em 2020, muita gente conseguia custo efetivo abaixo disso graças aos bônus mais gordos; hoje, com bônus menores, é mais comum o custo efetivo se aproximar desses “R$0,07–0,08”.
5) Risco & confiança do sistema
O episódio do Chapter 11 da GOL em 2024 elevou a percepção de risco para parte dos usuários da Smiles (menos oferta de rotas poderia piorar oportunidades de resgate), mas a saída concluída em 2025 e os números divulgados pela companhia acalmaram o cenário no curto prazo. Ainda assim, o recado estrutural dos últimos anos permanece: milha não é investimento; é para girar.
6) Onde ainda há valor (2025)
- 
    LATAM Pass – parceiras em tabela fixa: quando há disponibilidade, especialmente em rotas intercontinentais, continua sendo o “doce” do programa. Em geral, resolve-se por central/WhatsApp, seguindo as tabelas por região vigentes. 
- 
    TudoAzul – benefícios por status: o “Resgate Especial” 2025 para Safira/Diamante pode destravar emissões pontuais vantajosas. 
- 
    Smiles – ecossistema amplo: mesmo sem a chuva de 100% de outrora, o programa segue muito ativo e expandiu verticais não-aéreas (hotéis/benefícios corporativos), o que aumenta formas de queimar/acumular, útil para quem gira saldo com frequência. 
7) Resumo dos últimos 5 anos
- 
    Menos “milagre” de bônus e mais necessidade de planejamento. Em 2020, 80–100% eram comuns; em 2025, 30–35% é o feijão-com-arroz. 
- 
    Mais dinâmica nos preços de resgate, com a tabela fixa sobrevivendo no LATAM Pass (parceiras) e valendo o esforço de procurar pela central. 
- 
    Programas mais “corporativos” e integrados às cias.: Smiles internalizada na GOL desde 2021; GOL reestruturada em 2025; LATAM colada na Delta; Azul ajustando regras/benefícios. 
- 
    Valor do milheiro mais “pé no chão”; a arbitragem fácil diminuiu, mas ainda há boas janelas (LATAM parceiras, benefícios por status da Azul, campanhas pontuais da Livelo/Smiles).